O topónimo “Arrábida” tem sido interpretado como uma derivação do termo árabe ribāt ou, talvez mais propriamente, de rābita, vocábulos que identificavam espaços islâmicos de defesa militar e de oração e que, por vezes, são tidos como correspondendo a uma mesma realidade, mas, noutras abordagens, são entendidos como identificando realidades algo distintas.
No período islâmico terão existido na Península de Setúbal três ou quatro rābita: “uma debruçada sobre o Tejo, junto a Al Madan/Almada; outra na serra com o mesmo nome; outra em pleno estuário do Sado, no início do canal que leva a Al Qasr/Alcácer; e outra, provavelmente, na zona correspondente à Comenda de Mouguelas, e que defendia a entrada do Wadi Xetubar/Sado e um vale interior da Serra da Arrábida, a Poente de Setúbal, então ainda navegável até certa distância”.
Um ribāt seria um pequeno mosteiro-fortaleza, ou convento fortificado, um tipo de estrutura que quase se poderia chamar de “mosteiro-de-guerra”. “Aí se congregavam para a meditação e progresso místico interior aqueles que desejavam encontrar Allah/Deus”. Estes homens tinham uma função religiosa de retiro e aperfeiçoamento espiritual, mas também existiam para servir a jihad (guerra santa) de defesa e expansão do Islão.
Os membros das ordens religiosas militares cristãs, cujo domínio viria a suceder a dominação muçulmana, tinham igualmente um compromisso que aliava a oração com a guerra. E a ocupação fortificada sob controlo cristão que a Herdade da Comenda de Mouguelas teve, seguramente documentada desde o final do século XIII, seria, talvez, o sucedâneo de uma implantação islâmica (ribāt ou rābita) que, similarmente, serviria para a defesa militar da costa, além de congregar, quiçá, também uma vertente religiosa.